A MICRO-EMPRESÁRIA

Numa viagem de trem, um senhor se sentou na mesma cabine de um casal. A viagem duraria algumas horas e esse senhor procurou, à guisa de urbanidade, endereçar tentativas de conversação com o casal.

A mulher tinha um rosto sisudo, mal-humorado, olhava tudo com olhos de vinagre.
O homem tinha um ar mais jovial, pequeno sorriso brotava naturalmente do seu rosto.

Na tentativa de iniciar um diálogo, o senhor utilizou daquelas tratativas iniciais de praxe: tá quente/frio, a paisagem lá fora está bonita, o preço do tomate subiu/desceu, o trem está lento/rápido etc. Aquele conjunto inicial para poder travar alguma conversação interessante.

Em todas as tentativas, a mulher respondia lacônicamente, não desfazia o azedume contumaz, para qualquer ponto de vista, a opção era sempre a mais fria e sem vida possível.

O marido entretanto, sempre gentil e atencioso respondia às perguntas e a conversa corria bem, fazendo com que o tempo da viagem passase desapercebido pela agradabilidade da conversa. Falaram sobre profissão, política, esporte, tempo, geografia, religião, enfim um saudável entretenimento.

O senhor ficava pensativo, se perguntado o porquê da mulher ser tão desagradável e seca.

Quando o trem estava próximo ao seu destino, a mulher se levantou pra ir ao banheiro. Já com um pouco de intimidade o senhor pergunta então ao marido: O que sua mulher faz? Eu a acho tão diferente do senhor...

Então o marido responde: ela é micro-empresária. Tem uma pequena fábrica.

Ele pergunta intrigado sem entender a relação da profissão da mulher com seu estado enfezado: o que ela fabrica?

O marido responde: ela fabrica continuamente, todos os dias sua própria infelicidade. Faz isso sempre que se esforça por não ver no mundo o que existe de melhor e por se conservar alheia a qualquer iniciativa de boas relações humanas.

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